O município de Teresópolis tem 2,2 mil pessoas desabrigadas ou desalojadas. Elas estão sendo atendidas no ginásio de esportes da cidade.
A informação foi confirmada no fechamento desta edição do Bom Dia Brasil: são 335 mortos na Região Serrana do Rio de Janeiro. As buscas por desaparecidos recomeçaram na manhã desta quinta-feira (13). Em Teresópolis, 130 corpos já foram resgatados. Centenas de pessoas passaram a madrugada à espera de notícias.
É uma cidade tomada pela dor. Na porta do Instituto Médico Legal (IML) de Teresópolis, a busca é desesperada por notícias.
“Minha mãe está desaparecida. Não sei se ela está no meio dos mortos ou não. Ainda não foi encontrada. Ela saiu de casa para se comunicar, já que morava sozinha. Ela tinha 76 anos. Ela caiu e afundou. Deve ter dado um passo e caiu na pirambeira”, contou uma jovem.
“Meu pai está desaparecido”, diz outro jovem. Dona Maria perdeu nove pessoas da família na tragédia. “Minha cunhada, seis sobrinhas e meu irmão”, contabiliza.
Aline perdeu ainda mais. “Quinze pessoas da família morreram: meus primos, meus tios e minha mãe. Todo mundo morreu”, lamentou. Aline reconheceu o corpo da mãe, Dona Maria do Carmo, de 46 anos.
Anoiteceu, a madrugada chegou e Aline continuou na porta do IML esperando a liberação do corpo. “É 1h, e nada de liberar o corpo da minha mãe”, disse.
O sofrimento foi compartilhado entre muita gente que enfrentou chuva e virou a noite em Teresópolis. Não faltou boa vontade. Representantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), seis defensores públicos e dois juízes trabalharam até amanhecer para acelerar a liberação dos corpos.
“As pessoas poderão enterrar os corpos de seus familiares nesta quinta (13) e em cerca de uma semana ou duas elas já terão as certidões de óbito para tomar as providências necessárias”, afirmou o juiz José Ricardo de Aguiar.
Houve boa vontade, sim, mas faltou estrutura. O IML de Teresópolis tem capacidade para dez corpos e recebeu até esta quinta 146. Ao todo, 40 tiveram de ser transferidos para o prédio ao lado, cedido por um comerciante.
O estudante Mário Sérgio veio ser voluntário para ajudar nessa hora difícil. “Estamos fazendo um trabalho de ajudar, conscientizar as famílias e dar um apoio”, comentou.
O município de Teresópolis tem 2,2 mil pessoas desabrigadas ou desalojadas. Elas estão sendo atendidas no ginásio de esportes da cidade. O regime é de plantão. As vítimas da chuva recebem comida, colchões roupa de cama e atendimento médico.
De madrugada, houve um pouco de sossego. A quadra ficou lotada. Apesar do sofrimento, até as crianças foram vencidas pelo cansaço. Todos vão precisar de tempo para superar a dor. Serão dias difíceis. “Como é que vai ser recomeçar?”, indaga um senhor.
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