2 de janeiro de 2012

A COP17 traz resultados para todos

Tire suas próprias conclusões: fracasso (veja próximo post) ou novas oportunidades?
Matéria do Planeta sustentável (http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/desenvolvimento/cop17-traz-resultados-todos-654845.shtml)


Matthew Shirts e Caco de Paula são, respectivamente, Coordenador e Publisher do Planeta Sustentável
A COP17 - Conferência sobre Mudanças Climáticas, organizada pela ONU em Durban, na África do Sul, surpreendeu a todos. Mesmo a quem, como eu, Caco de Paula e Caio Coimbra estávamos lá, acompanhando tudo, para o Planeta Sustentável, junto com duas empresas parceiras do nosso movimento: a CPFL Energia e o grupo Camargo Correa.

Aos 49 minutos do segundo tempo, na madrugada de sábado para domingo, os delegados de países do mundo todo chegaram a um acordo. Assinaram-no a China, o Brasil, a Índia, a União Europeia e, até mesmo, os Estados Unidos. Os países em desenvolvimento concordaram em reduzir suas emissões através de regras "legalmente vinculantes", pela primeira vez. Os países desenvolvidos fizeram o mesmo, com destaque para os Estados Unidos, que assinara o Protocolo de Kyoto há 12 anos, mas nunca o ratificou.

Acordou-se que as novas regras entrarão em funcionamento a partir de 2020. Para tanto, será preciso correr com a negociação do funcionamento do novo protocolo na próxima COP, em Qatar, nos Emirados Árabes. O objetivo ainda é manter o aumento da temperatura média da Terra abaixo de dois graus Célsius, meta acertada na COP15, em Copenhague.

O resultado de Durban é uma boa notícia. Traz um avanço tangível. Merece ser comemorado. Mostra que há potencial para o sucesso, mesmo em discussões mundiais tão complexas. Mantém vivo o processo de negociações das COP do clima, da ONU. Mantém o foco neste problema, o que incentiva empresas, ONGs e governos, nacionais e locais, a fazer o mesmo.

CHEGOU A CONTA DO BAR O objetivo das COPs de clima é dividir a "conta" dos gases de efeito estufa que foram emitidos na atmosfera desde o início da revolução industrial. O CO2 é o principal gás de efeito estufa, mas a conta inclui o metano e outros que aquecem o clima da Terra e mudam o tempo. Sua concentração exagerada na atmosfera - em níveis medidos por Charles Keeling desde 1958, no Havaí - pode trazer consequências nefastas, sobretudo para a agricultura. Não há mais dúvidas quanto a isso, apenas questões da severidade do que vem pela frente. As forças armadas americanas identificam mudanças climáticas como a maior ameaça à segurança dos Estados Unidos, acima mesmo do terrorismo.

Nas COPs de clima, 193 países tentam dividir a conta para saber quanto cada país deveria eliminar das suas próprias emissões. Mas tal como acontece na hora de pagar em uma mesa grande de bar, há controvérsias. Alguns países emitiram mais gases. Outros emitem há mais tempo e, com isto, ficaram ricos. Outros acabaram de chegar e, como se não bastasse, quase não têm dinheiro. É como se estes últimos dissessem: não vou pagar por todo aquele vinho de bacana que vocês tomaram sozinhos, antes de a gente sequer sentar à mesa. A discussão não é fácil, mas é necessária. Anima governos, estados e empresas a enfrentar a questão. A conta precisa ser paga. As alternativas são péssimas.

Durban parece ter superado a diferença entre países ricos e os que estão em desenvolvimento. Todos concordam em reduzir emissões a partir de 2020, de forma a evitar mais de dois graus de aquecimento. A má notícia é que, para isto acontecer, será preciso uma redução da ordem de 15% de emissões por ano, segundo o chefe da NASA, James Hansen. É muita coisa. Uma redução desta dimensão não tem precedentes na história industrial. Como fazer cortes de emissões tão profundas ainda é um problema. Mas o fato de todos terem se entendido quanto à necessidade de redução de emissões e se comprometido com metas abre um cenário de oportunidades em inovação. Para o Brasil, para as empresas que vêm sendo geridas com esse foco e também para quem se dedica a produzir conhecimento sobre sustentabilidade.

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